Escolas de Sabedoria - parte6 - REV2
- Alexei Caio
- 16 de ago. de 2020
- 13 min de leitura
Atualizado: 17 de ago. de 2020
Observações fundamentais para a propagação/divulgação do material nos posts a seguir "Escolas de Sabedoria".
A origem deste material esta inserida numa apresentação em um contexto bem específico.
Por integridade minha faço menção desde contexto e por profunda gratidão à autora.
Fonte: Instituto Nokhooja
As Escolas de Sabedoria, em sua forma de atuação, podem ser divididas em Escolas Intervencionistas, Conservadoras ou Mistas. Nos parágrafos abaixo iremos fazer uma análise comparativa destes três tipos e dar alguns exemplos de como algumas dessas Escolas atuaram ao longo da história.
As Escolas Intervencionistas afirmam que a evolução da humanidade depende de pessoas mais evoluídas ou mais capacitadas ou com maior grau de conhecimento e oportunidades que sejam capazes de detectar os momentos cruciais ou cósmicos em que uma oitava evolucionária está no seu ponto de estagnação e, então, necessariamente, esses indivíduos desenvolvem formas específicas para atuar nesses momentos, sendo essa atuação dependente das condições da realidade e grupo social envolvido. Ou seja, os participantes de uma Escola desse tipo são aqueles que desenvolveram capacidades no sentido de detectar reais necessidades na realidade e desencadear processos que causam interferências específicas. Essas Escolas atuam geralmente, através de heróis, mártires e revolucionários. Elas tendem a ser pontuais e não buscam continuidade, mas sim a transformação brusca do meio social e a introdução de novos valores e comportamentos no menor espaço de tempo possível.
Em contraposição à essa estrutura existem as Escolas Conservadoras. Elas afirmam que não cabe ao homem interferir nos desígnios do Absoluto. Se a realidade apresenta determinadas situações e características, cabe ao homem apenas facilitar ao máximo possível as trocas energéticas, de forma que a realidade e as sociedades envolvidas possam atingir seu `ótimo`, aquilo que foi previsto pelo Criador no momento de sua concepção da humanidade. As Escolas Conservadoras acreditam que o que se deve fazer é desenvolver o ser humano em sua máxima capacidade para que ele seja capaz de estar em harmonia com a própria vontade do Criador. Elas são `longitudinais` pois apresentam continuidade no tempo e geralmente são associadas com religiões ou linhas filosóficas.
Resumindo, as intervencionistas buscam provocar mudanças e as conservadoras restaurar o equilíbrio. Estas duas posturas das Escolas clássicas, que existem ao longo de muito tempo, acabaram gerando, em momentos históricos determinados, movimentos tão variados como as Religiões Tradicionais, a Renascença, ou a Era da Informática.
Um dos indivíduos que pode ser colocado como exemplo da atuação das Escolas Intervencionistas foi Alexandre o Grande. Ele foi influenciado por um dos grandes praticantes desta Escola: Sócrates, que era seu professor. Alexandre Magno foi produto de um trabalho, envolvendo inclusive manipulação genética, de tal forma a produzir um indivíduo que fosse capaz de romper os limites geográficos e de conhecimento, e que fosse carismático, dotado das características de liderança, e que tivesse o impulso necessário para expandir as fronteiras do conhecimento. O projeto era, praticamente, criar uma estrutura de Idade Média na época de 300 a.C.. A Idade Média, como nós a conhecemos, surge 300-500 anos d.C., no momento em que a igreja católica assume a condição de igreja do Estado. Se por acaso o projeto dessa Escola Intervencionista tivesse dado certo, nós estaríamos, agora, vivendo uma realidade equivalente ao ano 2200-2300 da evolução da humanidade, ou seja, estaríamos 300 anos à frente em termos de desenvolvimento futuro tecnológico, espiritual e até biológico.
A intervenção é feita sempre num ponto de choque, pois é mais difícil interferir num processo que está em pleno desenvolvimento, do que em um processo que está em crise. No caso específico de Alexandre Magno, a energia correta entrou no processo através de Sócrates, e visava desencadear todo um processo de modificação do estatus da sociedade através principalmente, de uma mescla entre a civilização da Índia e a Grécia. Porém o projeto falhou porque Alexandre morreu muito cedo, com mais ou menos 28-29 anos de idade, e não havia um grupo de pessoas que dessem apoio ou continuidade ao projeto.
Nos processos intervencionistas não podemos, de maneira nenhuma, chegar e controlar a evolução de todos os outros eventos porque geralmente, a oitava vem com componentes que são imprevisíveis. Então, o que se faz é colocar a energia num ponto determinado da oitava, e 'torcer' para que essa oitava tenha condições para atingir o seu término e que possa seguir em frente de forma adequada.
Assim, as Escolas Intervencionistas terminam por jogar um jogo arriscado, que é o jogo do 'vamos fazer e ver o que acontece', porque infelizmente apesar das Escolas terem passado pelo treinamento do Trabalho e possuírem o conhecimento das Leis de Três e de Sete, existe uma outra Lei que se superpõe à essas que é a Lei do Acidente. Quando lutamos contra a Lei do Acidente, dizemos que estamos fazendo parte da Escola Intervencionista; quando dizemos que a Lei do Acidente não existe, e que existe apenas a Vontade do Absoluto, fazemos parte da Escola Conservadora.
As Escolas Intervencionistas também podem atuar no sentido de escolher um fenômeno específico que envolve a evolução da humanidade, introduzindo os indivíduos, o conhecimento, e as técnicas necessárias. Um exemplo desse tipo de atuação parece ter sido as descobertas de Einstein. Existem relatos de que, embora Einstein estivesse envolvido profundamente com as análises dos problemas e ser dotado de muita competência, a famosa fórmula E = mc² parece ter surgido misteriosamente na lousa de sua sala de aula. Algumas pessoas que participam do Trabalho afirmam que esta foi uma ação de uma Escola Intervencionista da época, apesar de não haverem provas que sustentam tal afirmação.
As Escolas Intervencionistas buscam criar uma situação onde se tenha o máximo possível de prosperidade, segurança e ordem, para que pequenos grupos disponham de meios materiais, físicos, etc., para poderem fazer aquilo que for necessário, mesmo numa situação de confusão, ou de luta pela sobrevivência. Então, uma das condições básicas para a evolução da humanidade, portanto, um projeto atraente para as Escolas Intervencionistas, seria dar condições para que parcelas cada vez maiores da humanidade dispusessem de meios materiais, psicológicos, espirituais e de crescimento. Essa idéia é muito antiga e sempre houve a tentativa de criar grandes estruturas organizadas e controladas com essa finalidade. A primeira exposição disto foi a idéia do 'filósofo rei' de Platão, que foi a primeira pessoa de uma Escola Intervencionista a dizer: 'o melhor governador é o filósofo que foi educado para ser governador'. É a primeira apresentação formal do que seria um projeto de uma Escola Intervencionista, cuja tentativa de concretização foi feita através de Sócrates, e sua interferência sobre Alexandre, o Grande, como descrito acima.
Um outro exemplo que mostra o momento mais próximo que a humanidade esteve de atingir a utopia foi com Frederico II. Este foi um momento onde, no século XII, estivemos a ponto de ter uma Europa unida debaixo de um único estado, de uma única monarquia. Com Frederico II houve uma interferência de linhas sufis esotéricas ocidentais e por muito pouco não se conseguiu formar um império europeu, nos moldes atuais, com a unidade dos estados europeus, e mais, com grandes possibilidades de se fazer uma junção, no mínimo política, com o império muçulmano. Ou seja, por muito pouco conseguiríamos, digamos, 700 anos de evolução nesse processo.
As Escolas Intervencionistas, porém nunca tiveram sucesso absoluto porque as particularidades que os processos desencadeiam na realidade são influenciadas por infinitas variáveis e deflagram conseqüências imprevisíveis, e por isso elas são muito mais complexas do que a capacidade da Escola de introduzir um choque definitivo no processo. Então, costumamos dizer que as Escolas Intervencionista, jogam partidas com valores muito altos, e as perdas podem ser também bastante altas.
Um grande erro que terminou de maneira catastrófica foi o processo intervencionista que tentou novamente, unificar a Europa em contraposição aos EUA e que é atualmente conhecido como nazismo. A idéia básica seria associar um povo a um processo de domínio; esse domínio seria bem controlado e a partir daí haveria a unificação da Europa. Porém, o projeto falhou de forma trágica, como bem sabemos.
É importante perceber que à medida em que o tempo passa e as civilizações humanas evoluem, o período em que as Escolas possuem algum controle sobre a situação diminui de maneira clara, quer dizer, as Escolas puderam ter o controle durante 100 anos na época dos gregos, mas apenas 2 ou 3 na época dos nazistas.
Já as Escolas Conservadoras afirmam que a humanidade não pode evoluir por si mesma, através dos seus esforços, mas pode evoluir se entrar em sintonia com o plano divino, então elas não buscam, evidentemente, intervir na realidade e sim nos indivíduos fazendo com que eles se adaptem à um plano de realidade mais perfeito, mais puro e desenvolvido.
Essas Escolas, na maioria das vezes, também fazem intervenções tentando reconduzir os processos não tanto no aspecto coletivo, mas no aspecto individual. Elas partem do princípio que existe uma espécie de contaminação intrínseca no processo - que as pessoas expostas a um grau maior de qualidade de ser, de viver, de existir, serão modificadas, queiram ou não e que essa transformação irá acontecer de uma maneira natural, intrínseca em função da capacidade de ressonância interna que elas têm.
As Escolas Conservadoras buscam devolver o indivíduo e a humanidade ao seu estado original de relação com o Absoluto de tal maneira que, num determinado momento, o Absoluto promova a evolução, produza os resultados em função do seu próprio plano. Assim, percebemos que as duas buscam a evolução da humanidade: uma interferindo nos processos sociais, a outra tentando colocar o ser humano em harmonia.
A maioria das intervenções de Escolas Conservadoras, resultaram em religiões, quer dizer, o surgimento das religiões egípcia, babilônica, judaica, cristã, muçulmana, foi basicamente resultado da ação de Escolas Conservadoras.
A característica da Escola Conservadora é que ela entra em choque com o modelo e tenta reconduzi-lo à uma situação de pureza original. Ela não busca aproveitar as condições que existem, mesmo que sejam negativas, e transformá-las, mas sim, colocar condições novas que resgatam a pureza original do processo. Um problema com esse tipo de atitude é que ela é por demais polarizada; não leva em conta que às vezes, as características negativas podem ser úteis e não necessariamente, devem ser extirpadas.
A dualidade entre as duas Escolas é necessária e de certa forma, é resultado da própria polarização da humanidade. No Ocidente temos uma visão muito mais egocêntrica e de intervenção. No Oriente temos uma estrutura conservadora que às vezes chega ao extremo como por exemplo, o sistema hindu de castas. Assim, temos as Escolas Intervencionistas, de uma certa maneira, espelhando a realidade do mundo ocidental e as Conservadoras espelhando a realidade do mundo oriental. Devemos lembrar que uma das regras básicas do Trabalho é que devemos falar a linguagem do meio. Se o meio é intervencionista, temos que ser intervencionistas; se o meio é conservador, seremos conservadores.
Partamos do princípio de que existe um projeto de evolução da humanidade e esse projeto envolve uma oitava. As Escolas Intervencionistas querem que essa oitava evolutiva receba a energia correta para poder seguir em frente, para não desviar. As Conservadoras dizem que devemos purificar cada um dos passos da oitava para que ela evolua da maneira como é o projeto cósmico e com isso acabaremos chegando a um resultado que necessariamente completará o ciclo.
No final, ambas interferirão de um modo ou de outro, mas será a maneira pela qual farão isso é o que as definirá como sendo Conservadoras ou Intervencionistas. Por exemplo, dentro da visão do Trabalho, Cristo é considerado como sendo associado com uma Escola Conservadora porque tenta trazer o judaísmo, que estava preso a rituais e a um conjunto de regras que já não tinham mais significado, a um processo de relação com a divindade que tinha sido abandonado. Ou seja, se formos tentar uma definição em termos absolutos diríamos: o intervencionista quer algo novo; o conservador quer recuperar o antigo - porém, esta é uma regra que podemos utilizar somente até certo ponto. A grosso modo podemos dizer que as Escolas Conservadoras geram como fruto, geralmente uma pessoa que cria uma ruptura com sua época no sentido de voltar-se ao estado anterior de busca espiritual. Já uma Escola Intervencionista gera um grupo de indivíduos, ocultos ou não, que no seu conjunto interagem com a sociedade.
Como dissemos, essa divisão que existiu e ainda permanece é representativa da situação do pensamento ocidental e oriental. Até agora essa divisão existiu porque existiam culturas que eram separadas pela distância, pela dificuldade de comunicação, por preconceitos, etc.. Porém, atualmente isto mudou e não podemos mais pensar em termos de uma separação tão nítida e tão confortável. Isto exige que tenhamos uma nova perspectiva desse processo.
Agora não é mais possível manter uma estrutura que seja tão rígida porque as pessoas estão trocando informações cada vez mais rapidamente e a cultura também está mudando rapidamente. Assim, não dá mais para dizer que o modelo é este ou aquele e é por isso que existem atualmente propostas de intervenção dupla, ou seja, uma atitude intervencionista e ao mesmo tempo, conservadora e a isto podemos chamar de Escola Mista. Essas Escolas dependem fortemente do contexto social e cultural da época. Geralmente são formadas por grupos ditos 'esotéricos' situados dentro de determinadas estruturas ou então formas decididamente 'gnósticas'.
Nessas Escolas existe a possibilidade de uma proposta de mão dupla, ou seja, busca-se desenvolver uma visão holística para perceber onde é necessário um processo de intervenção e onde é necessário uma atitude conservadora.
Independente de seus modelos de atuação as Escolas, tradicionalmente, se dividiram em quatro áreas de conhecimento: Ciência, Filosofia, Religião e Arte. Essas quatro grandes áreas comportam dentro de si, tudo aquilo que seria produzido ou criado dentro do trabalho de uma Escola, como resultado do trabalho de indivíduos interagindo, espelhando essa interação e aprendizado na realidade e modificando os processos em função dos resultados obtidos. A proposta do Instituto NoKhooja foi de introduzir um quinto elemento que seria justamente o elemento diferenciador. Este é um elemento que deixou de ser considerado porque historicamente não era tão importante, mas que agora passou a ser, e este elemento é o da Comunicação.
Com relação à sua forma de atuação podemos dividir as Escolas de Sabedoria nas seguintes categorias:
1) Intervenção Direta: Heróis, Mártires, Legisladores, Visionários e/ou Movimentos de Massas. Apresentam uma área de ação e objetivos bem definidos e visam a introdução de modificações rápidas. Existe aqui grandes riscos de enganos e desvios. Elas podem sofrer processos degenerativos precoces e necessitam de correções a médio e longo prazo. Geralmente atuam sobre culturas em processo de estagnação.
2) Intervenção Indireta: de ação mais lenta e prolongada. Apresentam um caráter mais 'educativo' e de formação (por exemplo as escolas de Sócrates e Platão). Tendem a ser mais pessoais e elitistas. Geralmente atuam em culturas em grande efervescência de crescimento (por exemplo Grécia Antiga, Itália Renascentista, Europa Moderna).
3) Exercendo Influências: através do estabelecimento de 'exemplos' ou modelos. Estereótipos que possam ser identificados e imitados pela sociedade. Exercem a influência pela 'excelência' e 'pureza' do modelo que apresentam. Geralmente são Escolas de expressão estética ou filosófica.
4) Conectivas: envolvidas na transmissão e veiculação do conhecimento. Divulgação e conexão entre diferentes linhas do trabalho ao longo do tempo e espaço. São exemplos: Aristóteles, Inácio de Loyola, Gurdjieff, Blavatski, Suhrawardi, Irmãos da Pureza, os Enciclopedistas, Internet, etc..
5) Justificadoras: envolvidas na manutenção do Raio da Criação e no Serviço. Geralmente são estruturas bem delineadas, do tipo monástico ou de benemerência, ou Escolas de devoção mística.
Em relação aos efeitos que as Escolas promovem, temos outra subdivisão básica:
1) Linhas de transformação: visam modificar o indivíduo ou a sociedade utilizando-se de um processo de conscientização através da experimentação direta. São as linhas ditas 'científicas e progressistas';
2) Linhas de contaminação: promovem modificações amplas no contexto social, definindo modelos e objetivos a serem copiados e alcançados, assim como os que devem ser evitados ou rejeitados, isto geralmente através de 'exemplos' fornecidos pelos indivíduos mais educados e trabalhados. A conscientização se faz por contato e contaminação, por consenso social e não por transformação interna.
Não podemos finalizar esse tópico sem antes discutir brevemente a divisão clássica que existe entre as Escolas de Iniciação e as de Contra Iniciação. De modo geral, podemos dizer que as Escolas Iniciáticas têm como função principal despertar no homem o desejo de trabalhar no sentido de alcançar seu pleno desenvolvimento possível. As Escolas de Sabedoria em geral encaixam-se dentro desse tipo de definição, como já dissemos anteriormente.
As Escolas da Contra Iniciação, por sua vez, atuam no sentido oposto, ou seja, elas tentam evitar ou pelo menos dificultar ao máximo que o desejo por transformação desperte dentro do ser humano. Elas lutam para retirar toda a esperança em termos de uma evolução possível ao homem, deixando no lugar dessa esperança, um total desconhecimento do que realmente significa o ser humano e qual é sua herança e papel dentro da criação. Elas tentam fazer com que o homem acredite não ter chances ou que não há nada mais a ser buscado, de tal forma a retirar-lhe todo o estímulo e liberdade.
Essas Escolas geralmente retiram do indivíduo seu papel como foco central e responsável por seu processo evolutivo. Elas reduzem suas propostas de atuação e atividade a uma série de deveres e comportamentos estereotipados que buscam manter o indivíduo sob o controle dos dirigentes e líderes do movimento. Eles pregam que deve haver uma obediência estrita e uma fé absoluta nas regras que permeiam a proposta e caso a pessoa não seja capaz ou não se sinta respondendo às obrigações da forma como lhe são colocadas, ela é compreendida como estando possuída "pelo mal", seja o que quer que esse "mal" signifique no contexto analisado.
Muito já tem sido dito sobre o quanto as propostas das Escolas de Contra Iniciação podem apresentar conseqüências danosas sobre a psique e equilíbrio emocional-mental de seus participantes. Geralmente elas apresentam técnicas sofisticadas de controle e doutrinação, de lavagem cerebral, ameaças abertas ou veladas, que podem causar danos irreversíveis. É importante frisar que existem exemplos bem extremos ao longo da história desse tipo de atuação, e estes foram discutidos e documentados. Porém, existe uma série de movimentos na atualidade (assim como no passado) que apresentam propostas mais brandas e que acabam por ser aceitas e toleradas no meio social, podendo ocasionar também, danos muito sérios a seus participantes.
Geralmente elas retiram do indivíduo a liberdade de questionamento sobre as regras que envolvem seu processo de crescimento e desenvolvimento, obrigando-lhes a uma crença cega e muitas vezes, completamente vazia, fundamentada apenas em afirmações impositivas e não fundamentadas. Além disso, elas retiram a responsabilidade do processo das mãos de seus estudantes ou participantes, e conferem um caráter mágico ou misterioso a seus líderes, de forma a manter os estudantes sob o controle e as regras dos líderes e também, de forma a fazer-lhes acreditar que eles nunca chegarão a um tipo pleno de desenvolvimento; ao contrário sempre dependerão do direcionamento do líder. Elas conduzem a uma passividade e estagnação, onde o processo nunca é totalmente compreendido ou conscientizado.
Na maioria das vezes, essas Escolas optam por dualidades extremas entre bem e mal, ou anjo e demônio, e são comuns as noções de pecado, culpa, possessão, etc. tudo isso com a finalidade de manter bem estritas as regras, comportamentos e opiniões dos envolvidos e do processo em si. Reforçam o processo todo colocando que aqueles que seguem os ditames que a Escola impõe são os "bons", os que alcançaram a "libertação do mal", os "escolhidos", etc. sem sequer discutir o que isso poderia realmente significar. Criam assim uma dependência psicológica muito exacerbada que não poderá ser rompida com facilidade.
De forma mais geral, elas trabalham no sentido de estimular as fraquezas e dúvidas humanas, bem como estimular o egoísmo, a vaidade e a intolerância.
Dentro dessa discussão é necessário frisar um detalhe acerca da questão do sofrimento. Não devemos imaginar que "causar sofrimento" seja a função básica das Escolas de Contra Iniciação. Devemos reconhecer que o sofrimento tem um papel importante na evolução do ser humano, seja em termos coletivos ou individuais, desde que conduza a um aprendizado ou conscientização.
Portanto, este elemento pode ser utilizado tanto pelas Escolas Iniciáticas quanto pelas Não Iniciáticas, porém existem diferenças cruciais. Nas Iniciáticas, o sofrimento apresenta um caráter de aprendizado, onde as causas dele são questionadas e os participantes são conduzidos a rever seus pontos de vista e atitudes a partir desse aprendizado. Em propostas mais avançadas, os mestres e discípulos podem até mesmo ser induzidos a conhecer esse elemento de forma bastante profunda, para que eles sejam capazes de atuar sobre suas causas em outras pessoas (ou mesmo na humanidade como um todo) ou de estimular o processo de desenvolvimento que ele pode conter.
Já as Escolas de Contra Iniciação quando atuam através do aumento do sofrimento, sempre o farão tentando retirar do indivíduo ou grupo social a capacidade de questionar as causas ou origens dessa experiência, a chance de aprender ou conscientizar-se de suas razões e acabam, geralmente, gerando um culpado ou um `inimigo` contra o qual se deve lutar ou mesmo destruir. A idéia geral é que o sofrimento é causado pela atitude errada do `outro` e que isto é prejudicial ao indivíduo envolvido. Assim, sua chance de aprendizado é retirada e substituída por emoções estéreis.

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