Escolas de Sabedoria - parte 5 - REV2
- Alexei Caio
- 15 de ago. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 17 de ago. de 2020
Observações fundamentais para a propagação/divulgação do material nos posts a seguir "Escolas de Sabedoria".
A origem deste material esta inserida numa apresentação em um contexto bem específico.
Por integridade minha faço menção desde contexto e por profunda gratidão à autora.
Fonte: Instituto Nokhooja
Ao longo da História, sempre existiram alguns grupos de pessoas, locais, cidades ou mesmo impérios que se preocuparam com a preservação do conhecimento e sua continuidade.
O império Chinês, os Egípcios e Babilônios, assim como o povo hindu, foram provavelmente os primeiros a preservarem a sua história, documentando-a de uma maneira mais concreta, isto já ao redor de 3.000 a.C. Preocupavam-se em preservar a história dos seus impérios e dos seus imperadores, e já possuíam alguns códigos de leis e moral. Na maioria dos casos, este conhecimento já era oriundo de uma tradição oral muito mais antiga, e era constituído principalmente pelas lendas, epopéias, cerimoniais, conhecimentos científicos e, principalmente, estatísticas de produção agrícola e de contagens populacionais, registros de impostos, taxas e coletas, etc.. Na Índia, no vale do Rio Ganges, foram achados também registro históricos e religiosos datados aproximadamente da mesma época dos documentos chineses, denominados de Códigos de Manu, que continham e codificavam toda a estrutura social, suas leis e também todo o seu sistema de castas. Outros textos, conhecidos como Vedas, anteriores a essa data, incluíam os mitos e relatos da tradição ariana que povoou grande parte da Europa nas suas migrações posteriores.
O Egito, outras das mais importantes tradições da antiguidade, também preocupava-se com a documentação de sua história e de seus conhecimentos, que já abrangiam a astronomia, a geometria, assim como técnicas de irrigação e construção, possuindo também uma mitologia muito complexa. Nesse contexto, a partir de 3.000 a.C. o Egito pode ser considerado como um Núcleo de Sabedoria de onde vieram extrair conhecimento inúmeras figuras históricas, como Moisés, Pitágoras, Platão e Alexandre o Grande, para citar apenas alguns.
Um pouco mais adiante, próximo de 2.000 a.C. havia a Biblioteca da Babilônia, responsável pela preservação da tradição Sumeriana. Nesta época a tradição judaica também estava em plena ascensão, mas seus conhecimentos foram por milhares de anos passados de forma oral.
As Escolas de Mistérios, ou Sabedoria, foram em sua maioria responsáveis pela coleta, preservação e desenvolvimento do conhecimento durante quase toda a historia da humanidade com alguns grupos de pessoas que permaneceram ocultos e à parte da História, mas que exerceram sua influência em praticamente toda ela, inclusive sobre os grandes filósofos gregos, que poderiam ser considerados como representantes deste conhecimento, tendo em Platão (sec. VI a.C.) e Aristóteles (séc. IV a.C.) seus principais representantes. A Grécia, antes da conquista Romana, foi o núcleo da cultura, do conhecimento e da ciência, tendo em Eleusis (420 a.C.) seu grande centro iniciático, sendo as Escolas de Delfos e Atenas suas principais representantes e Pitágoras (532 a.C.) o seu maior nome.
Com a invasão Romana, grande parte dos filósofos e dos materiais ganhou refúgio no Egito, mais precisamente junto a Biblioteca de Alexandria, cidade na qual diversas Escolas foram acolhidas e floresceram, tornando-se o centro de referência para o conhecimento da época (300 a.C.), atraindo indivíduos das mais diversas tradições em busca de refúgio.
Foram os romanos que fizeram as primeiras publicações e criaram também bibliotecas parcialmente públicas, responsáveis pela disseminação do conhecimento grego em suas conquistas no período Helenista já depois de Cristo. Esta foi uma época bastante conturbada politicamente, onde os impérios brigavam pela supremacia, entre eles o Romano, o Persa e posteriormente o Mongol e o Árabe. Este último também foi responsável pelo resgate e preservação de diversas tradições que se extinguiram. Com os Sufis Khwajagan (Mestres de Sabedoria) a partir do século VII e com o surgimento das Madraças (Escolas) surge com bastante força um número de Escolas onde eruditos, filósofos, estudiosos e místicos da época se reuniam e buscavam coletar e analisar todo o conhecimento disponível e criar novos conhecimentos, gerando assim grandes pólos de sabedoria, geralmente sob influência muçulmana. Surgiram várias escolas e centros de ensino, os mais importantes estando em Bagdá e Basra, e o processo culminou na primeira Universidade de Salamanca, Espanha, aonde conviviam também o cristianismo e o judaísmo.
Podemos dizer, resumidamente, que as Escolas de Sabedoria constituíram, durante o período inicial da civilização, o local onde se concentrava, aperfeiçoava, preservava e distribuía o conhecimento que mais tarde iria ser representativo dos diversos elementos da diversidade cultural humana, no pensamento filosófico, na conjectura científica, na praxis íntima religiosa e na estética artística. Nem sempre essas Escolas estiveram presentes à luz do dia e nem sempre a sua ação foi reconhecida senão por aqueles poucos que delas participavam. Entretanto elas eram sempre intuídas e vieram a constituir uma mitologia própria que existe até os dias de hoje, com os seus relatos de 'Centros de Sabedoria', 'Mestres Ocultos', 'Mestres Ascencionados', o mito de Shambhala e Agarthi e da Távola Redonda, entre vários outros.
Mais adiante, junto às cortes durante a Idade Média, surge novamente um eco das Escolas de Sabedoria através dos Rosas-Cruzes, Templários e da Maçonaria, trazendo a tona, geralmente em círculos fechados, o conhecimento das antigas tradições que acabou exercendo enorme influência na sociedade, pois envolveu nobres e reis em suas reuniões. Dessa efervescência surge então a Renascença, com as Escolas de Florença e Veneza, onde além do resgate de materiais greco-romanos e orientais, a arte e a estética floresceram com força total influenciadas pelo classicismo grego. Foi quando a arte começou a ganhar uma vida independente, com grandes escolas surgindo. Os indivíduos eram profundos conhecedores de filosofia, ciência e arte resgatando o legado filosófico grego e desenvolvendo outros, que vieram a influenciar o mundo e colocou a Itália no lugar mais alto.
Na baixa e média Idade Média o conhecimento dispersou-se em vários centros, expandindo-se através de Goethe e Hildegard na Alemanha, Roger Bacon na França, Dante na Itália, Ibn Arabi na Espanha (para falar em nomes publicamente reconhecidos) ou através de grupos de indivíduos anônimos que se encarregaram de colocar o conhecimento Cabalístico por escrito, ou pela ação dos Irmãos da Pureza, de Basra. Essa atuação aos poucos foi se disseminando no meio cultural e acabou formando a base da Idade Moderna.
Após a Revolução Francesa, os iluministas encabeçaram o movimento filosófico e científico da época e foram responsáveis pelo resgate mais preciso de todo o conhecimento anterior que culminou nos enciclopedistas e numa catalogação mais precisa de todo o conhecimento, buscando uma liberdade de pensamento e sua abertura. O conhecimento e a cultura se tornam cada vez mais acessíveis e de interesse público. Bibliotecas começaram a surgir e a crescer. A música começava a atrair a atenção dos nobres e também a florescer, e a transformar-se em símbolo de cultura, com importantes centros principalmente na Itália e Áustria. Museus começam a crescer e ganhar importância.
E finalmente, temos as descobertas do século XIX, que possibilitaram os saltos tecnológicos do século seguinte. Com o crescimento das cidades e a cultura já expandida de maneira mais uniforme, estes centros começaram a desempenhar um papel mais local. É lógico que ainda existiam centros maiores e mais influentes na Europa e Estados Unidos. Mas a urbanização mais intensa das cidades tornou necessário centros de cultura, pesquisa e lazer para os cidadãos, que suprissem também a necessidade social de convívio, tornando-se parte da obrigação do estado. E atualmente enquanto a tecnologia avança, a informação e a cultura têm se pulverizado e se espalhado por todo o globo. A quantidade de informação disponível é algo assustador, mas sem dúvida ela não alcança a qualidade e a vitalidade do conhecimento produzido durante a história. Há muita informação disponível, mas muito dela é inútil, e isto é o que as pessoas mais consomem. Há pouquíssima "oferta" de instrução ou de uma informação realmente vital e de qualidade. E mesmo os lugares que disponibilizam esse tipo de informação atraem poucas pessoas.
O Brasil não possui um centro difusor de conhecimento e muito menos produtor do mesmo, um local que seja referência de cultura, conhecimento, tecnologia e ciência, que preserve sua própria história e conhecimento, e que acompanhe e faça parte desta evolução em direção ao futuro e da preservação do conhecimento.
Antes, estes centros de sabedoria agiam como pólos atratores, locais para onde as pessoas iam para aprender e compartilhar seus conhecimentos; atualmente, a informação está muito pouco centralizada e vem até nós através de vários meios diferentes. Mas a importância destes centros nucleares em toda evolução da humanidade e o papel social e humano que eles desempenharam nunca poderá ser substituído por um computador, ou qualquer outro meio de comunicação, e principalmente, por uma sociedade individualista, cujas conseqüências de atuação podem ser, para cada um e para todos, desastrosas.
Na nossa história mais recente, temos a descrição da estrutura e funcionamento de uma Escola de Conhecimento conhecida como Sarmoung, apresentada ao mundo ocidental por G. I. Gurdjieff e é partir de seus relatos que verificamos que as Escolas funcionam sempre buscando aturar nas quatros áreas de conhecimento, sempre presentes em seu escopo: Arte, Ciência, Filosofia e Religião. Pouco se sabe da ação dessa Escola, mas a partir da invasão russa no Afeganistão, soube-se que ela foi desativada, e seus mestres, conhecimento e informação se espalharam por diversas partes do mundo, inclusive nos Andes, onde foi realizada uma tentativa de manutenção, elaboração, modernização e distribuição de seu conhecimento dentro da realidade de um mundo que se encaminha para o terceiro milênio.
Outras formas de atuação em tempos recentes são: a mídia onde através do cinema, TV, teatro podemos ver fragmentos de informação precisa sendo apresentada à massa da população, sendo exemplos interessantes os filmes do grupo Monthy Phyton, a séria Jornada nas Estrelas e as revistas em quadrinhos para adultos da década de 90 de autores como Alan Moore, Frank Miller e Bill Sienkiewicz. Podemos também ver algumas noções de uma busca pelo desenvolvimento de uma nova relação do indivíduo em níveis mais hedônicos e auto centrados em alguns movimentos ecológicos espalhados pelo mundo. A própria idéia geral da Internet e alguns movimentos espirituais como o Sufismo, a Cabala e o próprio Quarto Caminho, já citados acima são também exemplos nos dias atuais.

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