A Arte de projetar
- Alexei Caio
- 15 de fev. de 2023
- 8 min de leitura

Projetar, entregar, transferir, ...
Dependendo de onde está o observador; do lado de quem projeta inicialmente (emissor), ou do lado do receptor.
O verbo projetar é um verbo de ação. Implica que existem algumas camadas que antecedem esta ação.
Quais são estas camadas?
Ação: projetar;
1. Tenho “energia interna” para realizar esta ação quando consciente?
2. Até mesmo antes de realizar a ação, a quantidade de energia utilizada em pensar, raciocinar, refletir pode ser elevada. Importante saber se também há energia para essa pré-ação?
3. O prêmio que vou receber de mim mesmo, ou do outro (receptor), “vale a pena” para aquele momento?
4. Qual é a motivação que me leva a projetar?
Outra camada de origem:
Eu consigo ver, perceber, ficar consciente (para o momento):
· De qual parte do sistema montado (desejar, querer, motivar, projetar, atingir)?
· De nenhuma parte? Automático, cego, surdo e mudo. Sem nenhuma energia para aplicar.
· De parte do que está acontecendo?
· De boa parte?
· E de também das consequências a curto, médio e longo prazo.
Para adentrar no tema “projetar” vou brincar de perguntar.
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1. WHY
Porque os seres humanos projetam?
E uma forma de começar, estabelecer, sustentar, manter uma relação biológica (pelo menos do lado dele);
Para atender alguma necessidade clara ou não visível naquele momento?
Cada um terá a sua justificativa de projetar naquele momento.
Há pessoas que estão projetando muito a cada momento de forma inconsciente e outras em menor escala;
O interessante de olhar para esse tema, é poder se perceber projetando para fora o que quer que seja neste momento.
Existem até linhas terapêuticas que subdividem, classificam o ser humano em “Projetores”, dentre outros tipos.
2. For WHAT
Para que projetar?
Qual a “finalidade” de se atirar?
Desejo Motivo Ação conquista (alvo, meta, cume)
Desejo: dopamina, serotonina, diminuir o cortisol; Prazer;
Motivo: Treinar mais, mais habilidades, mais ferramentas para as situações do dia-a-dia;
Evolução do Aprender algo:
Aprender, reter um conjunto de informações físicas, mentais, emocionais em todo o seu corpo: mente, músculos, ossos, movimentos específicos, ...
Treinar: reforçar o mesmo conjunto de informações para o mesmo corpo, repetir com qualidade ou sem qualidade até ficar “mecânico” ou automático.
Melhorar mais ainda: Ajustar, refinar, “gastar” menos energia para realizar com qualidade o que era feito no início;
Ter “maestria”: excelência, nos movimentos, nas interações, nas relações com o meio ambiente;
“Esquecer”, se libertar das formas apreendidas no começo da jornada, deixar vivido com menor tensão ou prontidão, menor gasto de energia para trazer a vida para ser usado.
Esvaziar o copo;
Para adentrar nesse tema, vou utilizar a janela do estado de presença.
Claro que nesse mecanismo de aprendizado de qualquer técnica é importante validar a presença do ser humano que executa o aprendizado.
Admitindo que quem está pouco presente, ou não está - identificado com o meio externo, perdido em pensamentos que sequestram, preso em emoções insolúveis para aquele momento – certamente não terá muitas condições de perceber, realizar, sentir, reter, experienciar o momento presente.
Assim como condição “minimum minimorum” (a menor das menores) será estar um pouco mais presente;
No meu ponto de vista, o ser humano atual (FEV 2023) tem pouca capacidade de estar “presente” e de estar “aterrado – grounded” na realização da grande maioria das suas ações.
Ou pouco se consegue, sabe, aplica esse estado.
Assim nas 08 Bilhões de pessoas existentes, vou “brincar” com números:
Se tivermos metade da população (50%):

Mais olhando para fora: identificada com algo fora dela E sem saber quem ela é naquele exato momento.
E a outra metade da população (50%):

Mais olhando para dentro: identificada com algo dentro dela E sabendo quem ela é naquele exato momento.
Brincando ainda. Estamos olhando “extremos” em uma predominância onde pode-se pendular entre um estado e outro: Fora superficialmente e dentro com qualidade.
Nem certo e nem errado, mas com que liberdade de transito você tem ferramentas, habilidades e poder para pendular entre um e outro, numa determinada velocidade que você é quem escolhe.
Entre esses “limites”, extremos podemos ter:
Em um determinado momento:

E haverão momentos na sua vida que o “fora” será mais “importante”.
Para sua sobrevivência, para você continuar vivo(a) ;-)
Situações de perigo: incêndio, inundações, assalto, violências, ... situações que lidam com zona de luta: luta, fuga ou finge de morto. Ataques de pânico, desespero, caos, um “bom” excesso, muita dor física, emocional, vergonha, humilhação,
Em situações em que o fora não é tão importante, que não lhe toma muita energia.
Há possibilidade de administrar a relação entre o seu “fora” e o dentro.
Zona de Desafio: As curiosidades te mantem no leme, não é confortável ficar aqui, não dá para descansar plenamente; Aqui você tem a possibilidade de aprender mais ao seu entorno (que não é tão bem conhecido) e sobre você mesmo(a) nesse lugar novo.
E no conforto há boas chances de você ter mais tempo e qualidade para olhar para dentro, para descansar (cortar os vínculos externos que consomem) – Depleção de Energia;
Nessa explicação entre o fora e o dentro acabei apresentando o tema: luta, desafio e conforto;
Dentro ainda desses dois temas e olhando para as 24hs de uma vida ordinária, comum do ser humano podemos “medir” a quantidade de horas, minutos e segundos que este passa nestas regiões: Conforto, Desafio e Luta; E intensidade de estar Fora e estar dentro.
Com Maestria ou com total desleixo, inconsciência;
Temos todos os tipos possíveis de combinações entre: estar “acordado” zumbizando, estar adormecido acordado, estar dormindo desacordado, estar desperto, estar lucido e consciente, .....
Caso o objetivo do Ser vivo é estar mais Humano e Vivido, acredito que a busca por otimizar sua geração de energia e suas escolhas de onde utilizar, investir serão assertivas, os prêmios escolhidos, as motivações, as ferramentas e habilidades escolhidas e aplicadas o levara para mais adiante, mais longevo, mais sadio etc ...
Uma sugestão possível e praticável seria:
Ao descansar (repor as energias) diminuir todas as fontes que lhe “roubam” energia; estar realmente no momento de descansar – Zona de conforto; respeitando o ciclo biológico do ser humano: Circadiano e as relações com os hormônios: Cortisol, Melatonina, ...
Caso seu corpo reteve a energia gerada, salva, economizada, você está pronto para mais um dia.
Entrar no teu dia, aquecendo os motores e percebendo dentro dos teus graus de prioridades o que é Desafio, e o que é Luta. Admitindo que você não mais está no conforto: Descanso de sua casa. E sabendo colocar limites sadios quando não se respeita o teu tempo de aceleração para o dia.
E com as suas práticas, ferramentas, habilidades ir gerenciando o dia que sim haverão estímulos de luta e de como você “entra” e “sai” das situações de luta. Quiçá o mais breve possível, sem “carregar”, alongar mais o tempo.
E ao final do dia lentamente “descarregando” o sistema se preparando para a zona de conforto.
Ao final de uma semana nessa “gerencia”, um mês, um ano, a diferença entre o antes de praticar isso e o após se fara notável, perceptível.
E de como você terá recursos, ferramentas e habilidades (todas já praticadas) para o que chamamos de vida. Sem medo, sem escassez, sem inconsciência, sem dor, sem sofrimento ou pelo menos muito menos.
3. WHEN
Em que momento projetamos?
Ou Em que momento de nossas vidas aprendemos a projetar?
Numa primeira camada: Física;
Não podemos deixar de olhar a linha do crescimento do ser humano:
Concepção, nascimento, recém-nascido, bebe, criança, adolescente, neo-adulto, adulto, pos-adulto, idoso, pré-morte, morte;
Em cima desta ordem cronológica de qualquer ser humano nascido no plante Terra, respirante e inter-relacional, enquanto o seu impulso de vida estiver em vigor, ele irá buscar de inúmeras formas atender suas necessidades básicas e não básicas.
Para tanto, ira também projetar. No começo não com esse nome, mas adiante com o desenvolvimento do neo-córtex, da sua comunicação, e das diversas relações existentes e criadas vai atirar em diversas direções motivado pela biologia, pela endorfina, pela adrenalina, pela matilha, pela fome, pelo medo, .... cada um no seu estimulo primordial e intenso.
Nos esportes (que usam muito bem o verbo projetar): Judo, basquete, futebol, arco e flecha, ioiô, peão, volley, baseball, .... (coletivos e individuais)
Nossos sentidos básicos:
· Visão (para fora);
· Audição (para fora);
· Olfato (para fora);
· Paladar (aquilo fora que será colocado para dentro);
· Tato (limites fora)
, existem por evolução e desenvolvimento biológico, que antes de mais nada nos mantiveram vivos, assim existem para nos manter vivo diante do que acontece fora. E nossa relação do que coletamos desse fora com esses 05 sentidos básicos. Para decidir.
Na camada mental, ou no desenvolvimento do seu “personagem”, sempre validar os prêmios recebidos através das escolhas para atender necessidades. Estudar, decorar, guardar, colar, entender, para ser o aluno nota 10 da escola, receber os cumprimentos dos professores e pais (figuras de autoridade da vez). Ou fundão, mais distante, gerando bagunça, formas de se chamar atenção criando confusão. Ambas recebem formas de atenção e “cuidados” especiais. Bem distante da indiferença física, real e concreta de um ser humano na tua frente.
E na camada emocional; a forma com que você aprende as emoções nucleares, básicas e transita entre estas, com apoio dos pais (ou sem apoio), e consegue navegar por estas e outras emoções derivativas destas básicas, principalmente no desenvolvimento da inteligência emocional desse neo-adulto. Raiva, medo, nojo, tristeza, alegria, são algumas das básicas possíveis de perceber, dar nome, localizar no corpo (sim guardamos estas quando não sabemos ver, dissolver, entender e deixar ir embora), e os conflitos que percebemos (ou não) ao sermos solicitados pelo dia-a-dia.
4. WHERE
Onde nós projetamos?
Podemos começar a interpretar da seguinte maneira:
Onde nos encontramos quando estamos projetando?
Nosso estado, nossas necessidades, nossa localização espacial quando identificamos que estamos projetando alguma coisa em alguém ou em algo.
Exemplo simples: Arco, Flecha e Alvo; Margem1, ponte e Margem2;
Vocês acreditam que saber como se esta, sua base, sua estrutura respiratória, corporal, emocional influencia ou altera o que você projeta com o Arco?
Estamos considerando apenas aquilo que está sendo projetado: a flecha.
Nem ainda observamos o alvo;
Nesse caso o sujeito ou o foco está na flecha, no que é projetado para algum lugar ou alguém.
Como segunda opção podemos interpretar:
Sabendo onde estamos projetamos para que lugar? “Onde nós projetamos? ”
Nesse ponto de vista vale dar uns passos atrás e identificar o que realmente queremos?
Para escolher o “alvo”, a meta, que se deseja obter ao projetar sua intenção, sua energia.
Exemplos: Escolho essa montanha para “acertar” projetar. Tenho “flechas” adequadas para esta montanha? Sim tenho! Ainda não tenho! Preciso construir, ...etc.
Alvo muito distante, muito grande, muito pequeno, muito difícil, ..... Alguma dificuldade que para aquele momento inviabiliza o ato de projetar.
Bom senso e readequação das metas para um outro momento: projetar e acertar em cheio.
Estudar, investir, treinar, praticar, ..., realizar!
5. Who
Quem projeta, quem atira, quem entrega, quem transfere?
Quem e em que momento de vida se encontra?
Somente nessa pergunta existe tantas janelas de entrada para se observar esse Ser Humano.
Se está consciente. Se está presente. Se esta ético. Se esta saudável. Se esta coerente. Se esta integro consigo mesmo(a). Se está seguro(a) e protegido(a).
Caso estas considerações acima não estiverem próximas de estarem em concordância (alinhadas) seguramente haverá uma discrepância, uma dissonância entre quem projeta o que E a consciência de si mesmo(a).
Nesse caso valeria primeiro dar uma alinhada, ou diminuir as distancias entre estar alinhado e estar desalinhado (muito ou pouco) ;-)
6. How
Como projetar, como transferir, como entregar?
Tão particular e individual. Cada um na sua história de vida apreendida ira mimetizar, reproduzir o que viu, treinou, praticou e coletou de resultados. De mais erros do que acertos. Assim o é no começo: mais erros do que acertos para depois ter mais acertos do que erros. E por último acertar uma única vez. A excelência do aprender.
7. How Much
Quanto projetar? Quanto transferir? Quanto entregar?
Nesse tema de “quantidades”, será o momento da relação estabelecida quem dirá ou apontara a quantidade: de força na puxada do arco (distancia, tamanho, força do arco, ..), se está longe e pretende causar uma boa impressão, ou exagerar e explodir com tudo.
É um tema muito único e singular. Depende de um pequeno passo atrás para poder encontrar uma dosagem de início e ver como este começo é recebido.
Qual a quantidade para este momento?
Qual a quantidade projetada para: alcançar o alvo?
Qual a quantidade a ser projetada para se destruir o alvo?
Qual a quantidade a ser projetada para nem chegar perto do alvo?
Qual a quantidade?
Experimente, começando a saber quem é você!
É um pequeno “desequilíbrio” que fara o movimento acontecer.
Uma pequena diferença entre projetar essa quantidade e receber outra quantidade.
Nem demais, nem de menos.
Aqui o bom senso também é um baita termômetro.
Como acaba sendo um tema bem amplo e possível de se perder, procure localizar no teu momento, pode ser nesse exato momento, o que você está projetando?
Seus olhos, sua forma de captar atenção e dedicar energia estão pousando nesse material e te fazendo refletir, pensar, julgar, classificar, aceitar e ou negar o que foi comentado acima.
Se conseguir sair dessa linha de pensamento, experimente se auto-observar na sua projeção.
Desejo a você um excelente dia.
Respire conscientemente ai.
E se quiser comentar algo, por gentileza seja bem-vindo(a).
Alexei Caio
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